ANTIPARASITÁRIOS
PARA CÃES E GATOS
Coccidiose canina e felina
Coccidiose é uma infecção parasitária causada por um protozoário microscópico que invade o intestino de cães e gatos. Pode ter como agente etiológico: Isospora sp., Cystoisospora sp., Besnoitia, Toxoplasma, Hammondia e Sarcocystis.
Animais que residem com seus donos não têm grandes problemas com essa doença, apresentando sintomas como diarréia, mas que podem ser tratados rapidamente e de maneira eficaz com fármacos baratos. O problema é com animais de abrigos, onde a doença se apresenta em proporções epidêmicas e acomete principalmente filhotes e animais imunossuprimidos, debilitando-os e os deixando à mercê de outros agentes presentes em abrigos, o que pode ser fatal. A doença é mais problemática durante o verão, onde os animais lidam com estresse térmico e com lotações.
Com exceção do Crisptosporidium parvum, todos os outros agentes são espécie-específicos. Os agentes etiológicos mais presentes na clínica são:
Felinos - Cystoisospora felis e Cystoisospora rivolta.
Caninos - Cystoisospora canis, Cystoisospora ohioensis, Cystoisospora burrowsi e Cystoisospora neorivolta.
Os animais acometidos apresentam como sinais clínicos mais evidentes a diarréia - hemorrágica ou não-hemorrágica - perda de peso e desidratação.
Filhotes lactentes infectados podem eliminar a forma contaminante por até cinco semanas, já os desmamados por até duas
semanas.
É importante ressaltar que além da administração de fármacos com alvo terapêutico, a higiene e sanitização são essenciais, tendo em vista que a coccidiose é muito presente em locais que não atendem a esses requisitos.
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Fármacos anticoccidianos
AMPRÓLIO
Utilizado como preventivo em fêmeas adultas 10 dias pré-parto. Há dúvidas quanto ao seu uso, já que no mercado nacional não há nenhum fármaco com este princípio ativo regularizado e aprovado pelo MAPA que seja voltado para o uso em pequenos animais. Encontra-se o mesmo para aves, pequenos ruminantes e bovinos. Em alguns países, o seu uso foi aprovado, mas, mesmo os que não possuem esta aprovação, utilizam os disponíveis. Também não há nenhuma comprovação na literatura de que o Amprólio apresente resultados nesta situação. Alguns produtos, como o CORID, apresentam-se na concentração indicada para pequenos animais, mas outros, como o AMPROCOX, não.
Um outro problema na administração desse fármaco é sua palatabilidade, que não agrada cães e gatos.
Nomes comerciais (clique para consultar a bula):
Amprocox - DES-FAR Laboratórios Ltda.
Corid (produto não-nacional) - Merial
Mecanismo de ação: o amprólio é um coccidiostático análogo estrutural da tiamina (vitamina B1), que compete pelo transporte e captação da tiamina com os coccídios. Devido ao fato de que os coccídios possuem um sistema de transporte de tiamina mais sensível ao amprólio do que o hospedeiro, considera-se a droga seletiva ao parasita. Ao agir no metabolismo da tiamina, principalmente nos esquizontes de primeira geração e merozoítos, ocorre a deficiência de vitamina B1 e paralisação do organismo, podendo o mesmo ser liberado.
Efeitos adversos: em doses terapêuticas, não houve efeitos adversos. Há relatos na literatura de que em doses muito altas, ou seja, em doses tóxicas, há a indução de poliencefalomalacia em bovinos. Além disso, em casos de intoxicação com o amprólio, há a deficiência de vitamina B1 no hospedeiro.
Indicações: utiliza-se em pequenos animais prenhes como prevenção de coccidiose.
Associações: etopabato ou sulfaquinoxalina, que também são coccidiostáticos e atuam na inibição da via metabólica do ácido fólico e ácido para-aminobenzóico (PABA). Não é recomendada a associação para aves de postura mas não consta nada sobre animais de companhia.
SULFADIMETOXINA
Utilizada para tratamento terapêutico da coccidiose.
Nomes comerciais (clique para consultar a bula):
Mecanismo de ação: o mecanismo de ação da sulfadimetoxina é o mesmo das sulfonamidas, ou seja, por bloqueio do ácido para-aminobenzóico (PABA) e do ácido fólico, impedindo o desenvolvimento do esquizonte.
Efeitos adversos: os efeitos adversos descritos em cães que receberam superdosagens ou em cães hipersensíveis ao metronidazol incluem: desordens neurológicas, letargia, fraqueza, neutropenia, hepatotoxicidade, hematúria, anorexia, náuseas, vômitos e diarréia. A sulfadimetoxina é uma droga segura, porém em caso de tratamento prolongado ou sobredosagem (cerca de 1 g/Kg), poderão ocorrer sialorréia, vômitos, diarréia, hiperpnéia, excitação, miastenia, ataxia e rigidez espástica dos membros. Em casos de intoxicação crônica podem ser observados distúrbios do sistema hematopoiético e agranulocitose transitória.
Indicações: em caninos e felinos, para o tratamento da coccidiose causada por Isospora canis e Isospora ohioensis.
Contra-indicações: o produto é contra-indicado em animais sabidamente hipersensíveis ao metronidazol, à derivados do nitroimidazol ou às sulfonamidas. Recomenda-se não utilizar a droga em animais severamente debilitados, em gestação, em lactação ou recém-nascidos.
Associações: associado ao Metronidazol, sendo que este é utilizado para tratar a giardíase. Assim com em diversos outros produtos veterinários, há a combinação de princípios ativos que atuam sobre agentes etiológicos diferentes, mas que rotineiramente se apresentam associados clinicamente e com sintomatologia semelhante.
SULFATRIMETROPIM
Associação de Sulfametoxazol + Trimetropim, que são antibióticos.
Nomes comerciais (clique para consultar a bula):
Mecanismo de ação: o sulfametoxazol age como um antimetabólito impedindo a formação do ácido diidropteróico na sintese de DNA e RNA do parasita. O trimetropim impede a formação de acido tetraidrodólico, que também faz parte da cadeia de síntese de DNA e RNA bacteriano. Possuem efeito coccidiostático separadamente, mas, em conjunto, coccidicida.
Efeitos adversos: os efeitos colaterais da sulfa são raros, ainda que possam ocorrer reações adversas ao trimetoprim, como distúrbios gastrintestinais, hepáticos, alérgicos e cristalúria, quando administrado por tempo prolongado (2 semanas ou mais).
Indicações: em caninos e felinos, para o tratamento da coccidiose e diversas outras doenças infecciosas de origem bacteriana.
Contra-indicações: não é indicado para animais com glomerulonefrite ou insuficiência renal aguda, devido à sua forma de eliminação, que ocorre por via renal, por filtração glomerular e também secreção tubular.
Interações medicamentosas: não administrar simultaneamente à procaína, tetracaína ou metenamina, pois estas são substâncias ésteres do PABA e competem com o fármaco.
Particularidades: é observada resistência à trimetoprim em bactérias gram-negativas, e ele é cerca de 20 a 50 vezes mais potente do que o sulfametoxazol.
TOLTRAZURIL
Possui mecanismo semelhante ao amprólio, mas é muito mais conhecido clinicamente e possui dados na literatura que comprovem seu uso em pequenos animais, como o artigo abaixo:
DAUGSCHIES, A., H. C. MUNDT, AND V. LETKOVA. 2000. Toltrazuril treatment of cystoisosporosis in dogs under experimental and field conditions. Parasitology Research 86: 797–799.
Um médico veterinário da Bayer Canadense explica que, em gatos, ele possui ação coccidiocida e age em todos os estágios unicelulares do parasita quando o animal não possui sinais clínicos. Quando há diarréia, no entanto, ele não possui a mesma ação, apesar de diminuir consideravelmente a ação do protozoário. Portanto, a ideia do produto é administrar aos animais jovens, em gatos com cerca de 28 dias de vida, por exemplo, quando seu efeito é coccidicida.
Não há produto aprovado para pequenos animais, mas o indicado para leitões pode ser usado e é bem aceito, principalmente por criadores, que conseguem presenciar a melhora nos animais.
Clique aqui para visualizar um site de criadores de bulldogs franceses que aprova o fármaco.
Nomes comerciais (clique para consultar a bula):
Mecanismo de ação: leva à supressão da eliminação de oocistos e prevenção da mesma. Possui ação coccidicida em parasitas unicelulares.
Efeitos adversos: não possui efeitos adversos importantes, sendo um ponto positivo do produto.
Indicações: é indicado, pela bula, para suínos, mas sua eficácia em pequenos animais é clinicamente comprovada. Principalmente em animais jovens.
Associações: não possui interações medicamentosas importantes.
Particularidades: é mais efetivo em animais que não possuem sinais clínicos da coccidiose, ou seja, que não apresentam diarréia com eliminação de oocistos. Porém, pode ser usada para o tratamento também, ajudando a reduzir o tempo de apresentação de sinais clínicos e severidade da doença ao interromper o ciclo biológico do protozoário no intestino. Ele é coccidicida e leva os protozoários à morte sem danificar as células intestinais quando utilizado previamente aos sinais clínicos. É indicado para animais jovens por estes possuírem um sistema imunológico mais frágil e não estabelecido, e, assim, o fármaco consegue destruir o parasita sem depender da defesa do animal. Animais já sintomáticos não terão o mesmo efeito, sendo coccidiostático nessa fase.
Anticoccidianos
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