ANTIPARASITÁRIOS
PARA CÃES E GATOS
Sobre a doença
A Babesia é um parasita de eritrócitos e é transmitida por carrapatos, nos quais fazem parte de seu ciclo vital (para conferir o ciclo da Babesia e demais informações, clique aqui). Os cães são acometidos pela espécie Babesia canis. Neles, a doença é também denominada de Peste de sangrar ou Nambiuvu (doença dos cães que dá hemorragia nas orelhas). A babesiose canina tem grande importância no Brasil, sendo descrita nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e Paraná.
A hemoparasitose é mais frequente em cães jovens e com mais de dois anos de idade, sendo que as manifestações clínicas estão relacionadas com a intensidade da parasitemia. Os principais sintomas são anemia, febre, anorexia, desidratação, perda de peso, dor abdominal e sensibilidade renal à palpação; babesiose cerebral pode ser observada. Após a resolução do quadro clínico, os animais podem ficar cronicamente infectados. A doença é muito mais grave para animais introduzidos em áreas endêmicas e que não tiveram exposição anterior.
Controle e Tratamento
O controle adequado dessa hemoparasitose consiste no uso de quimioterápicos associado à prevenção da infestação por carrapatos – indicam-se inspeções frequentes da pelagem dos animais em busca de carrapatos, além da possibilidade da utilização de carrapaticidas de aplicação direta no animal e da dedetização do ambiente com produtos à base de piretroides.
Alguns medicamentos usados para o tratamento da babesiose, como o azul de tripan e os derivados do quinurônio, foram atualmente substituídos por outros mais eficientes e com maior margem de segurança. Os medicamentos usados nos dias de hoje serão retratados a seguir.
Derivados das Diaminas
Princípio ativo: Diminazeno
Nomes comerciais (clique para consultar a bula):
Hemoclin - Embrasvet
Leivasan - Leivas Leite S/A
Ganavet Plus - Produtos Veterinários J.A. Ltda.
Pirosan - Calbos
Mecanismo de ação: interferem na glicólise aeróbica e na síntese de DNA do parasito.
Efeitos adversos: apesar de serem medicamentos bem tolerados pelos vertebrados, podem algumas vezes causar tremores musculares, salivação, diarreia, queda da pressão sanguínea e pulso acelerado.
Indicações: atuam sobre todas as espécies de Babesia, inclusive sobre a B. canis, sendo menos eficientes contra B. bovis e B. caballi.
Observações: não causam efeitos parassimpatomiméticos ou danos hepáticos se administrados nas doses recomendadas.
Derivados das Carbanilidas
Princípios ativos: dipropionato de imidocarb e fenamidina.
Nomes comerciais (clique para consultar a bula):
Imizol Injetável - Intervet do Brasil
Mecanismo de ação: o imidocarb atua no núcleo do parasito, promovendo alterações no seu número e tamanho, e no citoplasma. É eficiente babesicida.
Efeitos adversos: os animais tratados com imidocarb podem apresentar brandos sintomas colinérgicos, como salivação, lacrimejamento e cólica passageira - tais efeitos podem ser evitados com uma aplicação prévia de atropina, que é um agente anticolinérgico. Dor e irritação no local de aplicação.
Interações medicamentosas: animais tratados com inseticidas ou anti-helmínticos organofosforados não devem ser tratados simultaneamente com imidocarb.
Observações: o Imizol® é o medicamento de escolha na clínica utilizado no tratamento da babesiose canina hoje em dia. No entanto, um estudo recente realizado na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo constatou que o dipropionato de imidocarb afeta o sistema imunológico dos cães de forma a torná-los mais suscetíveis à reinfecção. O fármaco, apesar de muito eficaz na eliminação do protozoário do organismo do cão, pode diminuir precocemente os níveis de anticorpos, de forma que se dentro de seis meses o animal for picado por carrapatos, ele pode adoecer novamente como se nunca tivesse entrado em contato com aquele antígeno. Desta forma, o uso do dipropionato de imidocarb deve ser feito com cautela: o ambiente em que o cão vive deve ser analisado. Caso seja uma área urbana, o controle dos carrapatos é mais eficiente e a chance de reinfecção é, portanto, menor; mas se o animal vive em áreas rurais e fica solto, o contato com os carrapatos é inevitável e, assim, é mais indicado que não se utilize o medicamento. Para estes cães, uma alternativa é tratá-los com antibióticos como a tetraciclina, que são capazes de controlar a infecção e baixar a febre, sem eliminar, no entanto, o protozoário, permitindo que o sistema imunológico responda adequadamente. Deve-se ressaltar novamente que o melhor caminho, entretanto, é a prevenção: evitar que o cão seja parasitado por carrapatos. Informações mais detalhadas podem ser obtidas no artigo: Humoral immunity and reinfection resistance in dogs experimentally inoculated with Babesia canis and either treated or untreated with imidocarb dipropionate.
O ambiente no qual o cão vive deve ser considerado.